A atualidade é algo fútil e fugaz, mas é algo que é mais intensamente do que muitas coisas que duram e que são sérias. Colocar em itálico essa condição de ser, esse é, constitui em evocar uma temporalidade: o intenso é temporal. Não uso o termo temporal como duração no tempo, mas como intensificação do tempo. O evento, o fato, o acontecimento – em síntese, a política – intensificam o tempo presente e, assim, igualmente, o real. Esta é a sua temporalidade.
Os filósofos e os cientistas sociais sempre se mostram desconfiados diante de tudo o que lhes parece efêmero e evanescente. Coisas como a política e a comunicação (para não dizer o jornalismo) são, essencialmente, isso: o entender efêmero e evanescente do mundo.
Porém, Hegel diz que a consciência deve, necessariamente, se confrontar com o elemento histórico: aquilo que se apresenta à consciência, o mundo que se apresenta à consciência. Hegel não fala, necessariamente, aqui, do passado, mas daquilo que faz parte da realidade material do mundo do presente, sendo ao mesmo tempo produto e destino da história.
Concordaria com Hegel, não fosse a sua posição de fala pretender a uma certa ética do dever-ser. Indo além de Hegel, creio que a história se faz também presente em tudo aquilo que é efêmero e evanescente. E, igualmente, não creio que toda inteligência devenha de um confronto.
Vivemos sempre sob intensos temporais de história. A história intensifica-se, também na efemeridade e na evanescência.